Antes de eu entrar pra faculdade, nem sabia quem era esta sujeito. Ma se você, se interessa pela área de publicidade certamente deverá saber quem ele é. Achei neste site http://www.terra.com.br/istoegente/29/reportagens/entrev_olivetto.htm a entevista que ele deu para a revista ISTOÉ.
Eu sei que ninguém tem paciência para ler posts muito grandes, mas esse vale a pena ler para saber quem é esse gênio, conhecido como publicitário do século!
"Sou
humilde, não modesto"
Eleito
publicitário do século, ele diz que inventou a superexposição na mídia
Paula
Quental
Foto: Piti Reali
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Com a
falta de modéstia que lhe é peculiar, Washington Olivetto, 48 anos, diz que sua
escolha como publicitário do século tanto pela Associação Latino-americana de
Publicidade quanto por uma enquete na Internet feita por profissionais do ramo,
no ano passado, foi mais do que merecida. Mas, com charme, afasta qualquer
sombra de pedantismo: "Ganhar publicitário do século é fácil, seu time ser
campeão mundial de futebol, isso sim é relevante", diz ele, referindo-se
ao Corinthians. Um dos publicitários mais festejados do mundo - só no Festival
de Cannes foi premiado 46 vezes -, Olivetto é um apaixonado por esportes, capaz
de acordar às 4h para assistir ao vivo a qualquer modalidade das Olimpíadas.
Discorda que seja um workaholic. "Trabalhar é divertido. Trabalho como
formiga e vivo como cigarra." E diz que só poderia ter sido publicitário,
já que nasceu em 29 de setembro, dia de São Miguel Arcanjo, o anjo anunciador,
data celebrada no mundo como o dia do anunciante. Criador do garoto Bombril, no
ar desde 1978, campanha mais longa da história segundo o Guiness Book, Olivetto
prepara, junto com o seu sócio na W/Brasil, Gabriel Zellmeister, um livro com
as peças estreladas pelo ator Carlos Moreno. Ele conta a Gente por que deixou
de usar gravatas e o que acha de alguns publicitários brilharem mais que suas
campanhas.
É verdade
que conseguiu o primeiro estágio ao enguiçar o carro em frente a uma agência?
Ia para uma das duas faculdades que fazia em São Paulo (e que não terminei). O
pneu do carro furou onde havia uma pequena agência de publicidade chamada HGP.
Eu era ruim para trocar pneus e então resolvi pedir um estágio. Disse ao dono
da agência que tinha furado o pneu e que o meu pneu não furava duas vezes na
mesma rua. Portanto, que ele devia me dar uma oportunidade porque senão era ele
quem perderia a oportunidade. O sujeito achou engraçado e me deu uma chance.
Tinha 18 anos.
Publicidade
tem fama de profissão elitista. Hoje o acesso é mais fácil?
Quando comecei, a publicidade e o publicitário não tinham a exagerada aceitação
social que têm hoje. Indiretamente tenho grande mérito e culpa nisso. Fui o
cara que inventou essa visibilidade. Muitos publicitários de talento se
prevaleceram disso, mas alguns entenderam errado e imaginam que o negócio é
ficar famoso e depois fazer uns trabalhos. Isso gerou uma visibilidade
desproporcional até ao tamanho desse negócio.
Qual a
dimensão da publicidade hoje no Brasil?
É como a soma de quatro ou cinco grandes empresas brasileiras, dessas que
faturam US$ 2 bilhões por ano. Isso dá o bolo da publicidade no Brasil. É deslumbrado
e até ingênuo o publicitário posar de grande empresário. Isso estimula mais
interesse pelos holofotes do que pelo trabalho.
Que
profissionais têm essa postura?
É genérico, mas os mais deslumbrados são biodegradáveis e substituídos por
outros com a mesma postura. A questão não é ter sucesso, é ter prestígio. Não é
estar na moda, porque moda passa. Não é ter o holofote como herói, mas o
trabalho.
Vivemos o
mundo das celebridades, onde o sujeito é famoso porque é famoso, não porque fez
algo importante. O que acha?
Fui o primeiro publicitário a dar valor à exposição na mídia de maneira
consistente e exaustiva. Tenho necessidade de estar na mídia o tempo todo, mas
piloto para que seja o profissional, não o pessoal. Vou a todas as exposições
mas não a vernissages, vou a todos os shows, nunca na estréia. Talvez isso
explique minha visibilidade há 30 anos. Mas meus anunciantes estão o tempo todo
nos veículos que cultuam celebridades. Se eu gravasse disco ou trabalhasse em
novela, investiria nisso.
Há
publicitários que expõem a vida particular como as celebridades e acabam
aparecendo tanto quanto os produtos que anunciam?
E depois têm dificuldade para sair. Nos anos 80, eu usava gravatas por prazer,
a profissão não exigia. Comecei a ser presenteado com mais gravatas. A mídia
passou a me tratar como um colecionador de gravatas e me incomodei.
Racionalizei o que estava acontecendo em 1986 e, desde então, passei a me
economizar. Em 2000, a máxima do Andy Warhol, de que todo mundo seria famoso
por 15 minutos, foi transformada na de que todo mundo vai ser vulgar por várias
horas. Saquei isso antes e pensei: péra aí, não cabe no meu universo.
A
publicidade se beneficia de fenômenos como o de Tiazinha, Feiticeira, Adriane
Galisteu?
É até interessante para produtos descartáveis que têm uma característica que os
americanos chamam de short business. O primeiro licenciamento da Xuxa foi o
primeiro comercial da W/Brasil, em 1986, o Xapato da Xuxa. E a Grendene tem
licenciamentos com diversos desses ídolos, sejam eles mais ou menos
momentâneos. Mas não acredito que a publicidade invente fenômenos sociais.
Mas
enfatiza padrões estéticos? O modismo dos seios com silicone e da lipoaspiração
importa um modelo de beleza?
Numa palestra que dei em São Francisco, nos Estados Unidos, ano passado, disse
que o Brasil é o último país que tem mulher bonita no ponto de ônibus. A moça
do povo aqui é naturalmente bonita e sensualizada. A importação de estéticas
alienígenas esbarram numa beleza muito superior, pegam momentaneamente e depois
vão para o brejo. A estética feminina no Brasil é filha da miscigenação,
resiste a essas invasões. A Maria Fernanda Cândido, por exemplo, é uma
belíssima Laura Antonelli ou Sophia Loren com um Brasil dentro dela. Fica uma
delícia.
Você se
considera um viciado em trabalho?
Como não sofro com isso, não me considero. Para mim, trabalhar é divertido.
Trabalho como formiga e vivo como cigarra. Trabalhar como formiga permite que
viva como cigarra, me realimente e volte a ser a formiga eficiente. Não vejo
mérito em quem trabalha fora do horário, fim de semana. É falta de competência.
Concorda
com a tese de que a criatividade nasce do ócio?
Ano passado fiquei amigo do Domenico de Masi (sociólogo italiano), o autor
dessa tese, e o trouxe para falar na W/Brasil e na Fundação Getúlio Vargas.
Concordo com o que ele diz, mas a mulher dele me contou que ele trabalha como
um louco. Que prega aquele ócio criativo todo, mas estava trabalhando em dois
livros, era reitor de várias universidades e fazia palestras em tudo quanto é
lugar.
Na
prática, quem consegue se dar tempo para o lazer é mais criativo?
No meu caso, a criatividade depende totalmente dessa realimentação. E o único
lugar onde não obtenho essa realimentação é consumindo publicidade, porque
viraria um cachorro que corre atrás do próprio rabo. Se quero fazer publicidade
boa, tenho que fazer uma publicidade que se pareça com a vida. Para isso, tenho
que entender da vida.
Você tem
tempo para a vida afetiva?
Claro. Casei com a mãe do meu filho Homero, de 24 anos, a Ana Luiza. Hoje sou
casado com a Patrícia Viotti de Andrade (sócia da produtora de cinema
Conspiração). Não temos filhos.
Alguma
delas falaria de você o que a mulher do De Masi falou: ele só pensa em
trabalho?
Não, elas não diriam. A minha relação com mulheres, e incluo a minha mãe,
sempre me acrescentou muito. O universo feminino acabou se refletindo no meu
trabalho. Se pegar o momento da criação do garoto Bombril, em 1978, o modo como
ele se dirigia à mulher era muito contemporâneo.
A série
do Bombril é o seu grande orgulho?
Os anúncios com o Carlinhos Moreno são paródias do momento. Representam o
reconhecimento público de um fato ou pessoa relevantes. A somatória dá um
retrato da sociedade.
Por que
acha que foi escolhido o publicitário do século?
Ganhar publicitário do século é fácil, qualquer um ganha, mas seu time ser
campeão mundial de futebol, isso sim é relevante. Estou muito feliz, por esses
dois motivos. Sou humilde, mas não modesto. Não seria maluco de achar que não
mereceria. A geração de publicitários anterior à minha profissionalizou a
atividade e depois ela precisava de alguém como eu.
Seu
primeiro grande prêmio em Cannes foi aos 19 anos. Como driblou o
deslumbramento?
O fato de ter feito sucesso muito cedo fez com que eu ficasse bobo na idade
certa. Quando fiquei deslumbrado comigo foi entre os 19 e 22, e não havia
holofote em cima de mim. Se houvesse, me perdoariam por ser tão jovem. Todos em
casa me protegiam, principalmente uma tia minha. Ela me deu um Karmann Ghia
quando eu tinha 18 anos. Imagina o que eu era insuportável com 18 anos e um
Karmann Ghia na mão.
Você ganha muito dinheiro com
publicidade?
Felizmente a vida me tem sido pródiga. Acho exibicionista
falar o quanto ganho, mas posso garantir que ganho tão mais do que eu preciso e
tão menos do que eu mereço...